quarta-feira, 31 de julho de 2013

Os Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs)


Da Redação
via http://www.banasqualidade.com.br/2012/portal/conteudo.asp?secao=artigos&codigo=16840

Segundo a United State Environmental Protection Agency (Epa), os Persistent Organic Pollutants (POPs) são compostos orgânicos que resistem à degradação química, fotolítica e biológica, de origem essencialmente antropogênica, nomeadamente associada à fabricação e utilização de compostos químicos. Outros compostos, como as dioxinas e furanos, são formados, involuntariamente, a partir de processos de combustão.

Dessa forma, são compostos que possuem baixa solubilidade na água, mas alta solubilidade nos lipídios, o que tem como principal consequência a sua acumulação nos tecidos adiposos. Essa característica, aliada à sua persistência (intervalo de tempo que um composto é capaz de permanecer no ambiente antes de ser degradado noutros compostos mais simples), potencializa a sua periculosidade ao nível da cadeia alimentar e, consequentemente, os riscos de exposição dos consumidores de topo, como é o caso do homem. A sua semivolatilidade favorece o seu aparecimento em fase gasosa e a sua adsorção em partículas atmosféricas, o que facilita o transporte aéreo por longas distâncias.

Os seres humanos podem ser expostos aos POPs através da alimentação, de acidentes e através da poluição ambiental. A exposição ocupacional ou acidental a alguns POPs revela-se muito preocupante para a saúde humana. Algumas atividades de alto risco englobam a agricultura e a manipulação de resíduos perigosos. Por outro lado, as deficientes condições de trabalho, a falta de formação e a utilização de equipamento inadequado são aspectos que fazem com que o risco de exposição dos trabalhadores da indústria química seja elevado.

OS DOZE SUJOS (THE DIRTY DOZEN)

Aldrina – é um pesticida utilizado no controlo de insetos rastejantes, como térmitas, bichos da madeira e gafanhotos. Tem vindo a ser amplamente utilizado na proteção de colheitas de milho e batatas, assim como na proteção de estruturas de madeira contra a destruição provocada por térmitas. É rapidamente metabolizada, tanto pelas plantas, como pelos animais. Devido à sua persistência e hidrofobicidade, bioconcentra-se principalmente através dos respectivos produtos de conversão. Os lacticínios e as carnes são as principais portas de entrada destes compostos nos seres humanos. Alguns sinais e sintomas de intoxicação provocada por aldrina incluem dores de cabeça, tonturas, náuseas, vômitos, espasmos e convulsões.

Clordano – é um inseticida de contato, utilizado em colheitas agrícolas e no combate às térmitas. Como é rapidamente absorvido através da pele, e provou-se em laboratório que causa lesões no fígado em animais, julgando-se ainda poder causar cancro, o seu uso tem vindo a ser banido em muitos países. Entre os efeitos sobre a saúde, contam-se ainda desordens comportamentais nas crianças, quando a exposição ocorre antes do nascimento ou nos primeiros anos de vida, danos no sistema endócrino, nervoso e digestivo. A exposição humana pode ocorrer pelo consumo de peixe contaminado, em casas que o utilizaram para combate às térmitas, e através do sangue e do leite da mãe, no caso dos bebês. No ambiente poderá ser encontrado em partículas na coluna de água, sedimentos, solos e atmosfera, podendo ser transportado pela chuva, neve e poeiras.

DDT – inseticida usado para a redução, a nível mundial, da malária e de outras doenças transmitidas por mosquitos. Este composto e os seus metabolitos têm vindo a ser detectados nos alimentos, em várias regiões do globo, sendo esta a forma mais corrente de exposição para a população em geral. O DDT já foi também detectado no leite materno, que constitui, igualmente, uma via capaz de provocar graves efeitos nas crianças. Outros efeitos incluem disfunções do sistema imunitário, nervoso e reprodutivo, lesões no fígado, sendo ainda considerado um potencial agente carcinogênico.

Dieldrina – utilizado na agricultura, como forma de controlo de pragas de insetos, nomeadamente, nas culturas de algodão, milho e citrinos. Os lacticínios, o peixe e a carne constituem vias de entrada deste composto na cadeia alimentar do homem, bem como o leite materno. Os seus efeitos incluem o aumento das taxas de cancro de fígado, a debilitação do sistema imunitário e reprodutor, podendo, ainda, aumentar a mortalidade infantil e causar malformações dos fetos.

Endrina – inseticida utilizado fundamentalmente em colheitas agrícolas de algodão e grãos. A alimentação é a maior fonte de exposição a este composto, que aumenta as taxas de cancro de fígado.
Heptacloro – inseticida de contato, usado primeiramente no combate a insetos e térmitas e também no controle de insetos do algodão, gafanhotos e no combate à malária. A alimentação é principal via de exposição a este composto. Apesar de não existir informação sobre intoxicações no homem, o heptacloro é responsável por sintomas nos animais, que englobam tremores, convulsões e lesões no fígado.

Mirex – inseticida com pouca atividade de contato, utilizado no combate a insetos rastejantes. Possui um tempo médio de vida superior a dez anos, sendo apontado como causador provável de câncer em humanos. Outros efeitos incluem lesões no aparelho digestivo, nos olhos, tiróide, sistema nervoso e reprodutor. O consumo de carne e peixe é a maior fonte de exposição a este composto, referindo-se ainda a inalação e o leite materno como outras formas de entrada no organismo humano.

Toxafeno – inseticida utilizado nas colheitas de algodão, cereais e vegetais. A forma principal de exposição para a população é a alimentação. No entanto, a transmissão através do sangue e do leite materno pode provocar graves efeitos nas crianças. Pode ainda causar câncer, danos nos sistema imunitário e nervoso e nos pulmões.

Bifenilos policlorados (PCBs) – são as misturas complexas de bifenilos, com diversos graus de cloração. Existem mais de 200 isômeros que entram em misturas comerciais. Suas propriedades químicas facilitam uma grande aplicação: fluidos dielétricos, líquidos isolantes, condensadores, transmissores de calor, lubrificantes, plastificantes de tintas, vernizes, colas, lacas, ceras, lâmpadas fluorescentes, papel químico e de imprensa, adjuvantes de pesticidas, entre outros. De toda esta produção, 20% são destruídas por incineração, 10% evaporam-se e 55% são abandonadas sobre a forma de lixo. Por este motivo, os PCB’s encontram-se de forma quase sistemática nas águas continentais e oceânicas e, por conseguinte, nos gêneros alimentícios: carne, leite, manteiga, ovos, peixe e derivados destes.

Hexaclorobenzeno (HCB) – fungicida que foi introduzido na década de 40, para tratamento de sementes. É também um subproduto do fabrico de diversos químicos. Os efeitos do HCB fazem-se sentir ao nível de lesões na pele, ossos, células sanguíneas, rins, sistema imunitário, nervoso e endócrino, deficiente desenvolvimento dos fetos, cancro e mesmo morte. A exposição ao HCB pode ocorrer durante a gravidez, através do sangue materno, através do leite durante o aleitamento, pelo consumo de carne contaminada e por inalação.

Dioxinas e furanos – são involuntariamente originados como subprodutos, essencialmente em processo de combustão de resíduos. Correspondem a dois grandes grupos de substâncias, com propriedades e estruturas químicas similares, que podem ter um a oito átomos de cloro. Os efeitos provocados pela exposição humana a estes compostos incluem o cloroacne, alterações do foro psicológico, depressões, hepatites e outros problemas de fígado, e anormal produção de determinadas enzimas. As dioxinas são capazes de provocar cancro e disfunções ao nível imunológico e reprodutivo.

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