domingo, 16 de fevereiro de 2014

Tema de Concurso: Linhas de transmissão e os raios

Prevenção contra apagões
Não podemos esperar que o Sistema Nacional Integrado seja à prova de raios. Nem por decreto


MARCO AURÉLIO C. PACHECO
FLÁVIO LUCIANO DE SOUZA
Publicado:16/02/14 - 0h00

Os isoladores para fins elétricos são fortemente associados aos níveis de segurança dos sistemas elétricos, podendo influenciar diretamente nos índices DEC (Duração da Interrupção Equivalente) — em horas — e FEC (Frequência Equivalente de Interrupção) das empresas de energia. Independentemente do tipo e material, os isoladores estão sujeitos a depósitos orgânicos e inorgânicos de agentes poluidores, tais como poeira, dejetos de pássaros e insetos etc, capazes de facilitar a corrosão da superfície do isolador, favorecendo a ocorrência de centelhamento e passagem de corrente entre o para-raios e a torre, quando submetidos aos chamados raios, que são surtos elétricos atmosféricos. Estes, por sua vez, podem acionar a proteção e desligar uma linha de transmissão, possível explicação para os recentes apagões observados no Brasil.

Apesar do baixo custo relativo das unidades isoladoras (discos) em relação a diversos componentes de uma rede de transmissão, uma análise mais detida dos fatos pode evidenciar a fundamental importância de tais dispositivos no sistema elétrico. Isso porque as unidades isoladoras compõem cadeias que comportam quantidades de discos proporcionais ao nível de tensão da linha de transmissão (LT). Além disso, em regra geral, o número de cadeias de isoladores é igual ao triplo do número de linhas sustentadas pela torre. Assim, pode-se contar aos milhares os discos instalados ao longo de uma linha de transmissão.

Cabe às unidades isoladoras justamente isolar o sistema elétrico, ou seja, os cabos de transmissão de sua referência — a terra —, considerados cabos para-raios, estruturas metálicas e cabos contrapeso. Sua falha, portanto, significa possibilitar conexão fatal entre os dois potenciais referidos, podendo provocar interrupções de fornecimento não só locais, mas com reais possibilidades de consequências para o sistema interligado nacional como um todo.

O estresse dos isoladores tanto pode vir de causas endógenas — tipicamente chaveamentos — quanto exógenas — tipicamente descargas atmosféricas —, resultando em sua falha imediata ou redução de vida útil. Em ambos os casos, o isolador pode provocar um apagão, permitindo a conexão elétrica entre o sistema de transmissão e a terra ou, no caso limite, entre fases. Outro fator que tem sido negligenciado e que pode precipitar a falha dos isoladores é o ataque sofrido por agentes poluidores: depósito de materiais com grau de condução de eletricidade ou corrosão na superfície.

Com a alta demanda por energia e o calor excessivo observados nos últimos meses, além de uma manutenção deficiente das linhas de transmissão, não podemos esperar que o Sistema Nacional Integrado (SNI) seja à prova de raios. Nem por decreto.

Com mais de cem mil quilômetros de linhas de transmissão, faltam no país investimentos em pesquisas sobre novos isoladores — e a montagem das respectivas cadeias — tanto no que diz respeito ao seu design quanto ao material (vidro, cerâmica ou polímeros nanoestruturados).

Há tecnologia disponível para projetar isoladores otimizados e mais robustos, empregando a simulação eletromagnética para antecipar seu comportamento em presença de esforços elétricos (surtos de tensão) e agentes poluidores que podem causar colapsos — e, com isso, orientar as empresas do setor na escolha e montagem dos isoladores em suas torres de transmissão, conforme as características ambientais do local onde as mesmas se encontra


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/opiniao/prevencao-contra-apagoes-11613341#ixzz2tUbPzscg

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...