quinta-feira, 6 de dezembro de 2012
Recuperando áreas contaminadas
http://www.ipt.br/noticias_interna.php?id_noticia=618
Projeto do IPT amplia capacitações para determinação de parâmetros de transporte de poluentes em subsolos
Um projeto recém-concluído no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) capacitou uma equipe de técnicos e pesquisadores a executar uma série de novos ensaios de laboratório referentes ao transporte de poluentes nos subsolos. Estes testes irão permitir a avaliação da retenção de substâncias tóxicas e as características de materiais alternativos para uso como camadas de impermeabilização de aterros de resíduos e a construção de barreiras in situ de plumas de contaminação. A iniciativa coordenada pela pesquisadora Giulliana Mondelli, do Laboratório de Resíduos e Áreas Contaminadas, contemplou também diversas mudanças na infraestrutura laboratorial, como novas instalações e equipamentos adquiridos dentro do projeto de modernização do IPT.
Giulliana buscou a capacitação da equipe para a execução de testes destinados a projetos de investigação, recuperação e remediação de áreas anteriormente ocupadas por indústrias ou aterros sanitários. Os 12 meses do projeto permitiram o estudo de uma ampla gama de atividades, incluindo a montagem de sistemas de ensaios no laboratório do IPT, o estabelecimento dos procedimentos e a coleta de amostras de solos não contaminados no campus do próprio Instituto para a realização de testes. Quatro novos procedimentos foram contemplados neste período: ensaio de compactação com compactador automático, ensaio de permeabilidade com parede flexível, ensaio de coluna com percolação (fluxo) de soluções ou poluentes e ensaio de adsorção em lote.
Novo sistema está sendo empregado no projeto financiado pelo BNDES de desenvolvimento e validação de tecnologias para remediação de solos e águas subterrâneas contaminados com organoclorados
O ensaio de compactação de solos, que já era realizado manualmente pelo IPT desde a década de 1940, foi modernizado com o objetivo de preparar corpos de prova cilíndricos e reproduzir as condições de umidade e densidade do campo. “Esta foi a primeira vez que empregamos um sistema automático dentro de uma estratégia de investigação geoambiental para uma comparação posterior com resultados de campanhas interlaboratoriais”, afirma Giulliana. Agora, os corpos de provas são preparados por meio do ensaio de compactação ou da coleta direta de amostras indeformadas em campo; em seguida, eles são extraídos de seus moldes para a execução de testes de permeabilidade e de coluna e a estimativa dos parâmetros de transporte de poluentes.
Além do compactador automático, um sistema composto de cinco câmaras triaxiais com diferentes regulagens de pressão foi adquirido. “Elas trabalham independentemente para o ajuste da carga hidráulica e da pressão confinante, que corresponde às condições de profundidade da qual a amostra foi coletada”, afirma a pesquisadora. Os recursos do novo equipamento permitem fazer uma série de montagens, como avaliar a percolação de água deionizada em resíduos para analisar a ocorrência de lixiviação ou testar parâmetros de transporte de um determinado poluente em amostras de solos não contaminados.
Um dos principais benefícios para o laboratório será a possibilidade de lançar mão de tais parâmetros para aplicação direta em estudos de avaliação de riscos e de fluxo de poluentes no subsolo, a fim de estabelecer características mais próximas da realidade de campo e fornecer subsídios para projetos de remediação de subsolos.
COMPETÊNCIAS AMPLIADAS – O novo sistema está sendo empregado no projeto financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de desenvolvimento e validação de tecnologias para remediação de solos e águas subterrâneas contaminados com organoclorados, em execução pelo IPT para o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE). E suas aplicações não param por aí: o laboratório foi até procurado recentemente por uma empresa interessada em realizar estudos de barreiras de impermeabilização de plumas de contaminação, abrindo espaço para a execução de outros testes com o novo sistema – antes, o escopo de atuação do laboratório estava restrito a ensaios em solos arenosos e mais permeáveis e em condição indeformada, sem a garantia de saturação completa do corpo de prova.
“Como o equipamento permite a aplicação de pressões elevadas, poderemos realizar ensaios com materiais mais argilosos e menos permeáveis, assim como para estudos dos liners empregados em aterros sanitários, que têm a função de proteger os subsolos para impedir ou diminuir o fluxo de lixiviados de resíduos”, explica a pesquisadora, graduada em Engenheira Civil e com mestrado/doutorado em Geotecnia Ambiental. Entre os outros equipamentos instalados no laboratório, um agitador horizontal para uso em conjunto com uma centrífuga em ensaios de adsorção em lote irá permitir a coleta de dados sobre a capacidade dos solos na retenção de compostos químicos.
MERCADO NACIONAL – Segundo Giulliana, não há laboratórios que executem estes tipos de ensaios no País. “Os testes feitos atualmente no Brasil são realizados basicamente em universidades para pesquisas de mestrado e doutorado. Quando as empresas necessitam deste tipo de serviço, elas encaminham amostras para outros países ou procuram informações na literatura disponível, principalmente de autores estrangeiros”, explica ela. No entanto, os solos brasileiros têm características geoquímicas únicas (inclusive têm a denominação de solos tropicais) e são totalmente diferentes daqueles dos países do hemisfério norte, por exemplo: “Seria até mesmo inadequado aplicar dados de um estudo que fosse feito na região da Avenida Paulista, na cidade de São Paulo, aos solos da região do ABC paulista”, completa a pesquisadora.
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