quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Conferência da ONU tem o desafio de renovar Protocolo de Kyoto




Outro objetivo da reunião é costurar um acordo no qual seja possível diminuir o aquecimento global e as mudanças climáticas

CLAUDIO MOTTA
Publicado:
21/11/12 - 10h45
Atualizado:
21/11/12 - 11h01
http://oglobo.globo.com/ciencia/conferencia-da-onu-tem-desafio-de-renovar-protocolo-de-kyoto-6785248


Esgoto sem tratamento nas lagoas da Barra e na Baía de Guanabara emite gases-estufa
CUSTODIO COIMBRA/8-3-2012

Num cenário em que as emissões de gases de efeito estufa crescem, assim como a gravidade dos furacões, das enchentes e secas, negociadores de todo mundo se reunirão, mais uma vez, com a missão de superar as discordâncias e de tentar criar um acordo global capaz de deter as mudanças climáticas. Na próxima segunda-feira, começa em Doha, a 18ª Conferência das Partes (COP) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês). A COP18 termina dia 7 de dezembro.

Tudo indica que os negociadores estão longe de chegar a este acordo, o significa uma indefinição em relação ao futuro do Protocolo de Kyoto, que expira este ano. Assinado em 1997, ele é hoje o único acordo internacional que define metas obrigatórias de redução (5,2%) de emissões para os países industrializados. Na última Conferência do Clima (COP17), realizada em Durban, na África do Sul, no ano passado, não surgiram metas de redução de emissões. O compromisso firmado foi elaborar, até 2015, limites para todas as nações. Mas essas metas só passarão a vigorar a partir de 2020.

— Esperamos que saia de Doha um processo de implementação do segundo período de Kyoto, que comece já em 1º de janeiro de 2013 para que não haja qualquer lacuna de tempo. Para isto, é necessário um acordo sem qualquer pendência — avalia Carlos Rittl, coordenador do Programa Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil.

Já Nick Nuttall, diretor de comunicações e porta-voz do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), espera que dois acordos sejam fechados no Qatar: 1. a criação de um fundo global para investir em economia verde, sobretudo nos países em desenvolvimento, e 2. a formação de uma rede internacional de centros de pesquisas em tecnologias limpas.

— Há alguns anos, negociadores de países em desenvolvimento disseram que precisavam de US$ 30 bilhões para implementar um fundo global de mudanças climáticas. Esperamos que seja criado. A Coreia do Sul foi escolhida como sede deste fundo. Além disso, deverá ser estabelecida uma rede de centros de pesquisa especializados em tecnologia limpa em todo mundo — afirmou Nutall, durante evento apoiado pelo Pnuma, que ocorreu em Leverkusen, Alemanha.

Um destes centros de pesquisa ficará no Brasil. Logo depois da Rio+20, em junho, foi anunciada a criação de um Centro Mundial para o Desenvolvimento Sustentável, chamado de Rio+. O espaço contará com a parceria de agências da ONU, como o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), além da sociedade civil, universidades e empresas.

Nem o porta-voz do Programa Ambiental da ONU livra os negociadores de críticas. Ele cita as pesquisas que apontam para a necessidade de cortar drasticamente as emissões de gases-estufa na atmosfera para o aquecimento global ficar estacionado em até dois graus.

— Os governos precisam aumentar suas ambições para fazer um acordo global que esteja pronto em 2015 e que seja capaz de ser aplicado em 2020. Faltam apenas oito anos — reclamou Nutall.

Ainda menos otimista, Haroldo Mattos de Lemos, coordenador dos cursos de pós-graduação de gestão ambiental da Escola Politécnica da UFRJ, afirma que a COP-18 não parece promissora. Em função das dificuldades enfrentadas pelos negociadores, o especialista diz ser difícil acreditar que, desta vez, serão obtidos resultados satisfatórios, com medidas que permitam que o aquecimento global não ultrapasse os dois graus, como foi discutido em Copenhague (COP-15), em 2009. É que não têm sido possível costurar acordos nos encontros de clima anteriores promovidos pela ONU

— Como os países em desenvolvimento vão financiar as reduções de emissões? Os africanos não estão satisfeitos com o andamento das negociações internacionais, por conta da falta de engajamento dos países no financiamento de ações de adaptação e mitigação climática. As promessas feitas no passado de liberação de recursos não foram cumpridas. E a postura dos Estados Unidos, Canadá e Japão, de apenas negociarem um acordo para 2020, é muito preocupante — enumera Lemos.

Na ausência de novos compromissos, a escalada dos gases-estufa continua. Em 2011, bateu-se um novo recorde. Segundo o Instituto de Energia Renovável da Alemanha, foram lançados na atmosfera 34 bilhões de toneladas de dióxido de carbono, o que representou um aumento de 2,5% em relação a 2010.

A China lidera a lista (8,87 bilhões de toneladas de CO2), seguida dos EUA (6,02 bilhões), Índia (1,78 bilhão) e Rússia (1,67 bilhão). O Brasil ficou na 12ª posição, com 488 milhões de toneladas.

Os recordes de CO2 na atmosfera são acompanhados por eventos climáticos extremos, cada vez mais frequentes e intensos, causando prejuízos e mortes. Os países mais pobres são os mais vulneráveis.

— Caso os acordos não sejam alcançados, a tendência é que, no final deste século, o aquecimento atinja seis graus, o que será um caos climático — ressalta Lemos.

Para ambientalistas, como Rittl, reduzir as emissões é urgente, já que a ocorrência de situações climáticas extremas está aumentando nas últimas décadas.


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